Dentistry: O que é para si a estética dentária?

João Pimenta: O meu grande amigo Ivo Pitanguy,no seu maravilhoso livro “Aprendendo com a vida”, afirma: “A beleza, eu não sei definir, mas sempre que a vejo eu percebo-a”.

Com efeito definir o que é a estética dentária de uma maneira padronizada, com fórmulas ou proporções ditas “divinas” é, para nós, e dentro da nossa filosofia de trabalho, um erro enorme. A análise que fazemos é a da agradabilidade do sorriso. Os dentes podem ser muito bonitos, mas têm que ser vistos num conjunto harmonioso que também englobam as gengivas, os lábios, a face e até o corpo.

Que me perdoem, mas esta visão só pode ser compreendida por estetas. Um dos grandes problemas da Medicina Dentária é que no curriculum do curso deveriam existir disciplinas ligadas à Arte e à Arquitectura.

Um médico dentista que olhe para um quadro de Picasso e esboce um sorriso de desprezo, para uma escultura de Cutileiro sem ter uma emoção e para uma obra de Siza sem reconhecer nela harmonia, pode ser um grande técnico, mas nunca será um grande reabilitador, ou um “fazedor” de belos sorrisos.

Quando um ortodontista “força” acabar um caso em classe I, com dentes perfeitamente alinhados poderá estar a contribuir para um resultado final desastroso sob o ponto de vista do sorriso. A harmonia reside também em assimetrias ligeiras e numa animação tridimensional dos dentes. Felizmente alguns já reconhecem esse facto com grande sucesso. Resumindo: a estética dentária tem que ser enquadrada num conjunto corporal e baseia-se na harmonia.


Dentistry: Qual é a sua filosofia de trabalho quando executa uma reabilitação?

João Pimenta: A primeira regra é que o trabalho em equipa é, na área da reabilitação oral, fundamental.

Podemos fazer excelentes endodontias, as mais belas restaurações ou o mais conseguido enxerto gengival sozinhos. Nunca poderemos fazer uma reabilitação sem ter uma equipa coesa, forte, competente, comunicando em todos os sentidos.

Essa equipa é constituída por nós como centro de uma estrutura que tem de contar com um técnico de prótese, assistentes dentárias e o próprio paciente. A implicação do paciente na equipa é não somente necessária, como também uma das bases do possível sucesso. Para nós as pessoas são o centro do tratamento. Recuso aceitar a ideia de que trato dentes. Trato pessoas que têm dentes (ou não!).

Quando executamos uma reabilitação preocupamo-nos também, obviamente, com aspectos técnicos como uma certa dominância dos incisivos centrais, a cor e a textura dos dentes, a posição do bordo livre, a aplicação da psicomorfologia, o respeito pelos grandes eixos faciais e também pela natureza.

Há alguns anos atrás, principalmente nas reabilitações totais, éramos hiper realistas. Presentemente, e acompanhando também as tendências actuais, as nossas cerâmicas são mais “brancas”, não do tipo sanitário, mas com estratificações e transparências. O aspecto é muito natural, mas mais claro. É o que Adar define como “naturalmente mais branco”. Por vezes fazemos branqueamentos em dentes naturais antes da colocação de coroas noutros dentes.


Dentistry: Considera-se um “outsider” na Medicina Dentária Portuguesa?

João Pimenta: Tenho uma forma de estar e de ser que não admite zonas cinzentas; ou se gosta ou se odeia.

Somente admito ser avaliado pelos meus pacientes. São eles que diariamente me avaliam e à minha pequena clínica. Sempre me situei na área dos serviços e tento aplicar todas as regras de uma “empresa de serviços”.

Quando faço conferências vem ao de cima talvez o actor que nunca fui. Tento comunicar conceitos, ideias, com a experiência e os erros de 24 anos. Sei que tenho uma forma original de o fazer. E também aqui ninguém fica na zona cinzenta; ou gosta ou odeia.

Como as salas estão normalmente cheias, posso concluir que a grande maioria gosta. Aos que odeiam só posso dizer que não fico triste ou zangado; mas gostaria mais que mo dissessem directa e frontalmente.

Dentistry 2005



Fonte http://www.manuelneves.com/boletim/outubro_02/files/boletim.pdf


Valentino Baptista, modelo profissional, procurou-nos com o intuito de conseguir um sorriso mais brilhante, importante para a sua profissão.

"Os verdadeiros profissionais e especialistas não estão em programas de televisão. Foi bom conhecer um médico dentista, o Dr.Pimenta, que faz da medicina dentária uma missão e não um mero negócio".

Valentino Baptista